"Julián escreveu certa vez que os acasos são as cicatrizes do destino. Não há acasos, Daniel. Somos marionetes da nossa inconsciência"
(p. 360, A Sombra do Vento)
É bem verdade que a obra ganhou reconhecimento aqui no Brasil, agora há pouco, se não me engano, ela é o primeiro livro de uma trilogia que fala sobre livros, escritos e morte.
Podemos dizer que a história se inicia no "Cemitério dos Livros Esquecidos". Daniel é apresentado pelo seu pai a este local para que ele pudesse escolher um livro, que na verdade lhe escolheria, para que ele pudesse esquecer o sofrimento que sentia ao não conseguir lembrar do rosto de sua mãe. Desde esse dia, Daniel torna-se obcecado por Júlian Carax, autor do livro que lhe escolheu. O que aconteceu com ele? Porque ninguém mais ouvia falar dele? E o que acontecia para que um lunático andasse em busca de todas as cópias dos livros de Carax e os queimasse? E porque esse estranho que possuía o mesmo nome do personagem do seu livro estava agora lhe seguindo e fazendo ameaças? Daniel estava em busca do fim da vida de um jovem literário, ou estava entrando em um livro?
Em sua jornada em busca da verdade, acaba tornando-se amigo de um mendigo que parece ser um grande detetive e que já teve passagem pelos submundos das prisões e das guerras, encontrando um assassino e o amor:
"Quando finalmente a paz se instalou, cheirava a essa paz que amaldiçoa as prisões e os cemitérios, uma mortalha de silêncio e vergonha que apodrece na alma e não vai embora nunca. Não havia mãos inocentes nem olhares brancos. Nós que estivemos lá, todos sem exceção, carregaremos o segredo ate à morte". (p. 352, A Sombra do Vento)
"Todos nos calamos e as pessoas se esforçam para nos convencer de que o que vimos, o que fizemos, o que aprendemos sobre nos mesmos e sobre os demais é uma ilusão, um pesadelo passageiro. As guerras não tem memória e ninguém se atreve a decifrá-las, até não restarem mais vozes para contar o que aconteceu, até que chega o momento em que não as reconhecemos mais e elas retornam, com outra cara e outro nome, para devorar o que restou"
(p. 351, A Sombra do Vento)
As passagens são memoráveis, nos fazem refletir sobre como nos relacionamos com os outros e com a política. O que faz os homens agirem de tal e qual maneira.
Além do mais, ele é o primeiro livro de uma trilogia. O Jogo do Anjo, escrito em 2008, é um livro interessantíssimo e com um final surreal, também recomendo! O terceiro, O Prisioneiro do Céu, que está para ser lido ainda por mim!
Enfim, os três podem ser lidos como livros independentes que não vai afetar o conteúdo ou entendimento da obra. Para descobrir o que eles tem em comum, só lendo!
Curiosidade:
- Zafón só publicou quatro romances: O Príncipe da Névoa, em 1993; A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo e o Prisioneiro do Céu, no entanto é considerado uma das maiores revelações literárias dos últimos tempos por conta do livro A Sombra do Vento;
- Záfon é colaborador dos jornais La Vanguardia e El País, ambos espanhóis, e escreve roteiros para o cinema.
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Vale a pena conferir:
O seriado Arrow! Além do Oliver Queen ser um gatinho, o seriado está eletrizante!!! Pra quem gosta...
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Fica a dica! :*
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