"Mulheres que amam demais" é um livro escrito pela psicóloga e conselheira conjugal Robin Norwood. A autora é especializada no tratamento de padrões mórbidos de relacionamentos e no tratamento de viciados em álcool e drogas. O livro foi baseado em sua própria experiência e em milhares de entrevistas com viciados e suas famílias.
No prefácio, Norwood faz um resumo sobre o fenômeno que ela chama de "amar demais". Pouco a pouco ela caracteriza as atitudes que o perfazem e prepara o leitor para os próximos capítulos e convidando-o a examinar as suas próprias atitudes também.
Norwood sempre começa seus capítulos com um trecho de poesia e ilustrando o título do capítulo com uma história de pacientes suas, no primeiro capítulo, ela leva o leitor a reconhecer que as atitudes de mulheres que amam demais são fáceis de serem percebidas em nossa sociedade, e que são maneiras de tratar o relacionamento ditas como normais. Ela conta também que esses padrões de comportamentos normalmente são gerados em famílias desajustadas, onde as crianças dessas famílias crescem levando para os seus relacionamentos a mesma dinâmica, o mesmo papel, que elas faziam, tornando, então, o fenômeno um ciclo vicioso. Ela lista também os principais padrões de comportamento que ela identificou como sendo de mulheres que amam demais, e aprofunda-os explicando-os distintamente.
No segundo capítulo, ela fala sobre as mulheres que usam o sexo para tentar amar o seu parceiro saudavelmente, enquanto no dia a dia, elas se martirizam em seus relacionamentos doentios. Ela novamente lista, o comportamento e características dessas mulheres em seus relacionamentos sexuais e faz uma distinção entre as formas de amar. Ela conta como a excitação, e as emoções vindas do sexo sem intimidade camuflam os aspectos negativos do relacionamento e o próprio medo dessas mulheres de se verem íntimas de um homem que possam amá-las de uma forma mais saudável.
O terceiro capítulo traz as co-alcoólatras com a sua forma de sofrer por amor. Ele demonstra como essas mulheres para se sentirem amadas precisam sofrer. Sofrer por seus companheiros suportando toda a vergonha e os mal-tratos que eles fazem, ajudando-os assim a não saírem de seu alcoolismo e elas mesmas a perpetuar o seu próprio comportamento. A autora fala sobre como esses vícios distrai essas mulheres de seu próprio vazio e dor interior, e que para elas possam se recuperar elas precisam aprender a enfrentar seus medos e aprender a viver tendo em suas próprias mãos as chaves da sua felicidade, ou seja, que só elas amando a si mesma, poderão ser amadas por outras pessoas.
O quarto capítulo, fala sobre a necessidade que essas mulheres têm de se sentirem necessárias e de como esse comportamento tem haver com a culpa. De como as mulheres que amam demais se sentem culpadas pelos fatos que ocorreram em suas infâncias, e para redimir essa culpa, elas precisam recriar o mesmo nível de comportamento que tinham na infância, numa tentativa, assim digamos, de mudar o passado Em sua infância, elas aprenderam que para serem amadas, para estarem seguras, elas precisam ter o controle.
O quinto capítulo leva a conhecer como essas mulheres conseguem achar os homens que vão se relacionar com elas de forma a preservar os seus padrões de relacionamento. Normalmente, os homens que as amariam de forma saudável não produzem atração sobre essas mulheres, elas precisam e elas procuram alguém a que possam salvar por seu amor, ele traz vários casos de mulheres exemplificando as formas de relacionamento, mostrando como se dá essa atração.
No sexto capítulo, a autora leva a conhecer o ponto de vista dos homens que vivem com mulheres que amam demais. Ela novamente exemplifica o capítulo com histórias desses homens, explicando no final de cada história a atração deles. Ela leva a concluir que os homens que se deixam amar por essas mulheres, precisam de uma mulher forte, que recompensará o que falta nele.
O sétimo capítulo aborda como a mídia e nossa cultura valoriza essa forma de amar doentia, e revela ao leitor uma nova forma de entender o conto de A Bela e a Fera. E volta novamente a falar sobre a dinâmica das crianças em lares desajustados, como essas crianças negam sua realidade e como reagem a ela. Novamente a autora faz distinção entre três formas das crianças enfrentarem essa realidade e como essas crianças quando crescem continuam a negar a sua realidade, inclusive a realidade de seus relacionamentos. Aqui é onde ela exemplifica com as histórias a perpetuação dos papeis desenvolvidos na infância e que a maneira de amar saudavelmente começa com a aceitação. As mulheres que amam demais, elas não aceitam o parceiro como ele é, elas precisam que eles se modifiquem por amor. Elas precisam modificá-los.
No oitavo capítulo o fenômeno amar demais é caracterizado como um vício. O vício num relacionamento doentio é usado para afastar da consciência o fato da dor e solidão que essas mulheres sentem. E que esse vício também se entrelaça com outros vícios, como o do alcoolismo, o de comer demais, e de drogas.
O Nono capítulo conta sobre o fundo do poço e o começo da recuperação. Para essas mulheres melhorarem, elas precisam perceber que as atitudes delas são de um processo doentio, uma autodestruição, fala também que só a terapia pode não ajudar muito, mas que um grupo de apoio, com outras mulheres que sofrem do mesmo problema e a terapia, ajuda a perceber que elas não são as únicas e que realmente elas possuem um problema. O capítulo traz ainda um quadro comparativo entre os alcoólatras e as mulheres que amam demais em fase doentia e de recuperação.
O décimo capítulo traz os passos para a recuperação, explicando cada um dos dez passos sugeridos pela autora, funcionando quase como os passos dos alcoólatras anônimos. Ele mostra o significado das atitudes, o que elas requerem para procurar ajudar, o porquê dessa ajuda, e o quê procurar ajuda implica.
O décimo primeiro capítulo mostra o quê a recuperação faz com essas mulheres,o depois, e como elas começam a alterar o seu comportamento e como isso implica em novas dificuldades ou em novas descobertas.
O livro ainda traz um exemplo de como iniciar um grupo de apoio e algumas autodeclarações pra essas mulheres fazerem.
Mulheres que ama demais é um livro que deixa muito em que se pensar: atitudes, relacionamentos, comportamentos familiares e de casais. O quanto um mínimo detalhe que parece banal, é tão comum e ao mesmo tempo tão doentio. Nossa sociedade influência esses comportamentos, quando em suas canções, falam sobre amores mal feitos e mulheres que agüentam de tudo pra ficar com seu homem, e vice-versa, as novelas, os filmes, tudo faz parecer que sofrer é amar e Norwood consegue mostrar em palavras simples, e de fácil entendimento o quanto essa cultura tem sido danosa para os relacionamentos e as famílias. Com ele fica mais fácil de entender por que certas pessoas agüentam tudo por amor.
* Norwood, Robin. “Mulheres que amam demais”. Tradução por Cristiane Perez Ribeiro. 28 ed. São Paulo: ARX,2005 – 303 pág.
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